Resenha: Coleção Clássica - Nova Fase Vol. 01 - O Espetacular Homem-Aranha 12
- Billy Joe Santos
- 11 de dez.
- 6 min de leitura
Atualizado: 14 de dez.
No mês de agosto de 2025 tivemos uma agradável surpresa: A continuação da Coleção Clássicos Marvel em uma nova fase, buscando agradar tanto o público antigo e nostálgico dos quadrinhos quanto os queridos saudosistas que reconhecem a beleza na simplicidade antiga. Lançada inicialmente em 2021, baseando-se na série de lançamentos da Panini Itália Super Eroi Classic, a Coleção Clássicos Marvel teve como ideia trazer os clássicos originais da Marvel a partir dos anos 1960, publicados em ordem cronológica de cada personagem, quinzenalmente, com capa cartonada.
Os lançamentos originais ainda são um prato cheio para os colecionadores por suas capas lendárias, além de histórias incríveis feitas por grandes nomes da época, como o talentoso trio Stan Lee, Jack Kirby, e Steve Ditko, antes presentes apenas nos omnibus, com valores que acompanham sua grande quantidade de páginas, ou quadrinhos muito antigos, já deteriorados pelo tempo e incontáveis releituras dos seus donos originais.
A série original contou com 64 volumes no Brasil e continuou até 2023, deixando os fãs, interessados nas continuidades, desamparados... até agora!
Resumo
O Escalador de Paredes, o Cabeça de Teia, o herói conhecido como “Inseto” entre seus rivais, ou só Peter entre aqueles próximos do homem por trás da máscara – O Homem-Aranha; Qualquer lançamento seu não poderia ser tratado com nada menos do que grande animação por mim, um grande fã que o conheceu já na época dos milhões de produtos vendidos em massa nos anos 2000 com as artes de Scott Johnson e com os filmes de Sam Raimi.
Em 1967, os quadrinhos estavam em uma fase de transição. As histórias eram mais lineares, com menos complexidade narrativa comparada aos padrões atuais. Os heróis enfrentavam vilões com planos simples, e os diálogos eram mais diretos. Essa simplicidade permitia que os leitores se conectassem facilmente com os personagens e suas aventuras.
Uma estrela na editora Marvel desde seu lançamento, principalmente pela identificação de com a pessoa Peter Parker, sempre tentando conciliar o peso e a rotina das suas grandes responsabilidades, principalmente quando a tensão se acumulava entre o pessoal e o heroico, entre as suas relações de pessoais e seus vilões grandiosos. É nesse cenário arquetípico que se inserem as edições Amazing Spider-Man # 51 a # 53, e Amazing Spider-Man Annual # 4, todas publicadas em 1967.
Nas primeiras edições da sequência de histórias, # 51 e # 52, intituladas respectivamente “Nas Garras do Rei do Crime!” (In the Clutches of the Kingpin!, no original) e “A Morte de Um Herói!” (To Die a Hero!, no original), o antagonista é o Rei do Crime (Kingpin), e acompanhamos como Frederick Foswell, do Clarim Diário, buscou ajuda do Rei do Crime (mostrando que pessoas de nossa confiança podem se corromper), e como J. Jonah Jameson e o Homem-Aranha, após se encontrar em uma situação de perigo, precisaram confiar um no outro e entrar em harmonia para ficarem vivos.
Já em Amazing Spider-Man # 53, intitulado “Entra em Cena: Dr Octopus!” (Enter Dr. Octopus !, no original), seguindo diretamente após o final dos eventos no arco anterior, Doutor Octopus escapa da prisão e volta à sua vida inconsequente de crimes, roubando uma máquina chamada Nulificador, projetado para impedir ataques de mísseis e que, se usadas com intenções ruins, pode ser muito perigosa. Em uma revista (HQ) repleta de lutas, estratégias, e muita habilidade tanto do herói aracnídeo quanto de seu grande rival, Octopus sai derrotado e se esconde como uma raposa para tramar mais um dos seus planos malignos, mas a surpresa é que, inadvertidamente, ele acaba entrando na vida da tia de Peter, May Parker.
Entre as histórias do Homem-Aranha contra o Rei do Crime e contra o Doutor Octopus, foi adicionado a belíssima Spiderman Annual # 4, que apresenta uma história onde o Homem-Aranha encontra o Tocha Humana em uma situação aparentemente caótica, apenas para descobrir que tudo não passa de uma filmagem para um filme. A trama se desenrola com os dois heróis enfrentando os vilões Mago e Mysterio, que tentam sabotar as filmagens.
Resenha
Assim como na original Coleção Clássica Marvel, aqui o Homem-Aranha foi sabiamente escolhido como arauto da nova fase. Algumas das histórias mais icônicas foram contadas nos primeiros onze volumes de histórias do Cabeça de Teia, e a coleção já inicia cronologicamente e seguindo os números da anterior, já em “Homem-Aranha # 12”.
Não é novidade que leitores de quadrinhos clássicos (ou simplesmente antigos) são mais exigentes, em termos de fidelidade aos originais com as artes, cores, roteiros, e cronologias, o que pode ser um entrave no processo editorial da Panini, mas tendo em vista toda a experiência de publicação dos quadrinhos da Marvel e a última coleção, acredito que teremos uma sequência positiva pela frente.
Para manter a máquina rodando com algum lucro, considerando que edições de colecionador tendem a custar mais, a Panini aposta no velho (mas já consolidado) modelo de assinaturas recorrentes, com planos de seis e doze meses. Resta apenas acompanhar os lançamentos e saber se a promessa das entregas quinzenais vai permitir uma manutenção da qualidade, principalmente para os critérios dos colecionadores mais ávidos em comparar detalhes de sobrancelhas e unhas dos dedões.
Esse tipo de história antiga da Marvel tem um charme especial: não se preocupa tanto em surpreender com reviravoltas complexas ou sustos psicológicos modernos, mas em colocar o herói contra uma ameaça clara, explorar sua coragem, sacrifício e senso de justiça, às vezes mostrar que salvar pessoas que nem gostam dele (como o próprio Jameson), é parte do que é ser herói.
Pessoalmente, eu gostei, achei divertido. São clássicas histórias de “super-herói contra cara mau”, mas ler essas histórias antigas da Marvel são um desafio para alguém como eu que está acostumado com quadrinhos modernos e livros, porque o fluxo da história tende a ser interrompido constantemente pelos recordatórios pulando tempos e locais ou descrevendo demais. Uma pipeta de ouro é a maravilhosa tradução da Panini, que captura a essência da época com termos por todo o texto que hoje soam cafonérrimos, mas tornam a leitura divertida e leve.
Arte
Os nomes principais na equipe produtiva são as estrelas Stan Lee (com roteiro e edição) e John Romita (Sr.), com os desenhos. Fazendo uma pesquisa para além dos nomes presentes nas capas, encontrei a informação de que outros que trabalharam nessas histórias foram Mike Esposito, Michael Kelleher, Larry Lieber, e Stan Goldberg.
O roteiro de Lee, que traz sempre um ritmo acelerado, mantendo o leitor preso à trama do início ao fim, as cenas são cheias ação intensas, marcadas por onomatopeias e personagens desproporcionais aos quadros, características dos quadrinhos antigos. John Romita, apesar de beber muito da fonte dos originais de Ditko, adota um estilo mais limpo e expressivo, e define a aparência do Escalador de Paredes para praticamente a década toda, além da aparência base para todos os seus companheiros de Peter e seus vilões a partir daquele ponto.
Esse conjunto de artistas confere à história uma energia única, que combina humor e ação de forma eficaz e divertida.
Conclusão
As histórias antigas do Homem-Aranha são um ótimo exemplo de como ele foi moldado pelas situações de perigo, de responsabilidade, de inimigos com poderes políticos e nem sempre só força bruta. Apesar de haver um enorme valor nostálgico nessas páginas antigas, no traço, no ritmo, no tipo de suspense, os quadrinhos evoluíram como forma de entretenimento e produção em massa, portando toda a carga que vêm dessa época, mas sempre adaptado para a atualidade onde se encontra. Se você gosta do heroísmo clássico, vilões comicamente caracterizados e momentos tensos, essas edições valem bastante.
A decisão da editora Panini de continuar a “Coleção Clássica Marvel” abre portas para que a Marvel clássica continue acessível, e incentiva o surgimento de uma nova geração de amantes dos quadrinhos clássicos. No fim das contas, essa coleção funciona como uma ponte, homenageando o passado do universo dos quadrinhos e oferecendo ao público brasileiro uma oportunidade de revisitar material fundador com qualidade editorial moderna. E para quem é colecionador, entusiasta ou mero curioso, é uma chance de acompanhar, volume a volume, como o universo Marvel se desenvolveu.
Ler essas histórias foi um grande prazer!

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